quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Concurso com 2.000 vagas para Soldado 2ª Classe da Polícia Militar - SP

Com a organização e responsabilidade da Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Fundação Vunesp), foi divulgado nesta quarta-feira, 16 de outubro de 2013, o edital de abertura do concurso público 3/321/13 da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM - SP). O certame foi autorizado por meio de Despacho do Governador do Estado, em 23 de maio do ano corrente.
São 2.000 vagas para Soldado PM de 2ª Classe para o Quadro de Praças da Polícia Militar, destinadas a candidatos dos sexos masculino e feminino, em caráter de estágio probatório, que inclui o Curso Superior de Técnico de Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública.
A remuneração inicial será de R$ 2.563,28 e só poderão se inscrever para o concurso, profissionais com idade entre 18 e 30 anos que tenham concluído o ensino médio e possuam carteira nacional de habilitação nas categorias "B" a "E". Além disso, será cobrada altura mínima de 1,60m (mulher) ou 1,65m (homem).
No caso desse certame não serão reservadas vagas para pessoas com deficiência, considerando-se as peculiaridades da função.
Os interessados que atendam às exigências em questão poderão realizar sua inscrição entre às 10h do dia 21 de outubro de 2013, próxima segunda-feira, e às 16h do dia 22 de novembro de 2013 pelo site www.vunesp.com.br. A taxa será de R$ 50,00.
Serão realizadas várias etapas de avaliação, sendo a primeira composta por provas escritas I e II, de caráter eliminatório e classificatório, a serem realizadas nas cidades de Araçatuba, Bauru, Campinas, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo e Sorocaba.
A prova escrita I constará de 50 questões de língua portuguesa, matemática e conhecimentos gerais, enquanto que a II será composta por redação. O tempo total de duração de ambas será de quatro horas e a previsão é de que sejam aplicadas em 12 de janeiro de 2014, às 14h. O conteúdo programático consta no Anexo B do certame e a indicação é de que o candidato compareça ao local de provas munido de caneta esferográfica transparente de tinta azul, preferencialmente, ou preta.
Haverá, ainda, prova de condicionamento físico, de caráter eliminatório, constituída dos seguintes exercícios: apoio de frente sobre o solo (flexão e extensão de cotovelos) para homens e apoio de frente no solo, sobre o banco (flexão e extensão de cotovelos) para mulheres; resistência abdominal, em decúbito dorsal (tipo remador); corrida de 50m; e corrida em 12 minutos.
Na sequência, os candidatos serão submetidos a exames de saúde, também de caráter eliminatório, compostos por exame médico geral e exames laboratoriais; assim como a exame psicológico, de caráter eliminatório, que analisará a personalidade, aptidão, potencial e adequação do candidato ao exercício da função.
Também haverá investigação social de todos os aprovados nas fases anteriores, com caráter eliminatório, que visará a análise da conduta social, reputação e idoneidade do candidato.
Por fim, os concursandos serão submetidos à análise de documentos, de caráter eliminatório e prova títulos, de caráter classificatório.
O concurso público terá validade de 90 dias, a contar de sua homologação e poderá ser prorrogado por igual período, a critério da Administração. Para mais detalhes confira o edital, disponível em nosso site.
Fonte: pciconcursos.com.br
Jornalista: Iara Valiente






CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
LÍNGUA PORTUGUESA
1. - Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários).
2. - Sinônimos e antônimos.
3. - Sentido próprio e figurado das palavras.
4. - Pontuação.
5. - Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem.
6. - Concordância verbal e nominal.
7. - Regência verbal e nominal.
8. - Colocação pronominal.
9. - Crase.
MATEMÁTICA
1. - Números inteiros: operações e propriedades.
2. - Números racionais, representação fracionária e decimal: operações e propriedades.
3. - Mínimo múltiplo comum. - Razão e proporção.
4. - Porcentagem.
5. - Regra de três simples.
6. - Média aritmética simples.
7. - Equação do 1ª grau.
8. - Sistema de equações do 1ª grau.
9. - Sistema métrico: medidas de tempo, comprimento, superfície e capacidade.
10. - Relação entre grandezas: tabelas e gráficos.
11. - Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, teorema de Pitágoras.
12. - Raciocínio lógico.
13. - Resolução de situações-problema.
CONHECIMENTOS GERAIS
HISTÓRIA GERAL
1. - Primeira Guerra Mundial.
2. - O nazifascismo e a Segunda Guerra Mundial.
3. - A Guerra Fria.
4. - Globalização e as políticas neoliberais.
HISTÓRIA DO BRASIL
1. - A Revolução de 1930 e a Era Vargas.
2. - As Constituições Republicanas.
3. - A estrutura política e os movimentos sociais no período militar.
4. - A abertura política e a redemocratização do Brasil.
GEOGRAFIA
Geografia Geral
1. - A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e a globalização.
2. - Os principais problemas ambientais.
Geografia do Brasil
1. - A natureza brasileira (relevo, hidrografia, clima e vegetação)
2. - A população: crescimento, distribuição, estrutura e movimentos.
3. - As atividades econômicas: industrialização e urbanização, fontes de energia e agropecuária.
4. - Os impactos ambientais.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Campo de Libra: Leilão ou Doação?

A  palavra LEILÃO, para alguns estudiosos, surge do verbo "LICITARI? “leiloar, oferecer pelo melhor preço”, derivado de LICERE, “ser permitido”.   "Leilão" é aquela coisa do "quem dá mais", com várias ofertas, "dou-lhe uma, dou-lhe duas" etc.
Por esse sentido e pelo que foi divulgado pelos próprios analistas burgueses, NÃO houve "leilão do Campo de petróleo de Libra".
 O que houve foi a formação de um cartel com 5 das 10 maiores empresas de energia do mundo, que ganharam de presente do governo brasileiro a maior reserva de petróleo do mundo.
Com a "coisa" que houve no dia 21 de Outubro de 2013, ou seja lá o nome que o governo brasileiro der, ele pode deixar de arrecadar até R$ 331,3 bilhões em 35 anos com o "leilão do pré-sal", segundo Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras no governo Lula e atual professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP.
Ele afirma que isso se dará devido o modelo de partilha,  que foi usado para o "oferecer pelo melhor preço", ou "leilão": royalties de 15%; imposto de renda de 34% sobre o lucro; bônus de assinatura de R$ 15 bilhões, conforme determinado em edital; preço do barril de petróleo a US$ 160; e dólar a R$ 2,20. Lembrando que o cálculo não leva em conta taxa de juros e inflação.
Além disso,  a Petrobrás deve participar do consórcio vencedor, com no mínimo 30%, sendo responsável por desenvolver tecnologia, contratar funcionários e adquirir bens e serviços no mercado nacional.
Segundo Braeyr Grudka,diretor do SINDIPETRO-RJ, esse tema é muito importante para a população, pois o controle sobre essa matriz energética torna o Brasil independente de outros em termo de energia. Com o petróleo nas mãos de empresas privadas, principalmente estrangeiras, o Brasil corre o risco de perder esta autonomia. O ritmo de produção deve atender primeiramente as demandas da população brasileira e suas reservas devem durar tempo suficiente para que o país desenvolva fontes alternativas de energia, principalmente renováveis, pois o petróleo é um recurso finito.
O diretor do SINDIPETRO-RJ ressalta que o petróleo, pela sua importância como matriz energética deveria ser controlada pelo Estado, por meio de uma empresa estatal, como a Petrobrás, e os recursos do petróleo deveriam ser controlados por câmaras populares, que determinariam onde estes  seriam investido, para atender à saúde pública, educação pública, transportes públicos de qualidade, saneamento básico, moradias populares para desabrigados, sem-teto, moradores de áreas de risco, enfim, para atender às demandas da população.
Braeyr lembra que a maior parte do petróleo produzido pela Petrobrás é refinado e distribuído no Brasil, enquanto que a maioria das empresas estrangeiras que atuam aqui preferem exportar o petróleo para fora, pois são beneficiados assim com a isenção de ICMS estabelecida pela lei Kandir, que serve para incentivar as exportações. Com isso, o petróleo,que poderia gerar mais impostos e mais empregos, acaba cumprindo este papel em outros países.
Para encerrar, existe uma grande diferença sobre o leilão(doação!?) do Campo de Libra, pois em todos os caso de leilões feitos antes no mundo, as áreas são pouco conhecidas ou  exploradas, mas em Libra a área foi bem estudada e já foi encontrado petróleo, ou seja, não estão leiloando um campo que ainda será descoberto, mas  petróleo, algo que nunca foi feito na história.
 E mais: a legislação brasileira da partilha também prevê que se o Governo quiser, pode entregar diretamente as áreas do Pré-Sal para a Petrobras, sem precisar fazer leilão, mas o objetivo do Governo não é atender a demanda nacional de petróleo, mas sim, leiloar para arrecadar recursos e cobrir a meta de superávit primário  ainda não  atingida.  Mais uma vez o Governo prioriza o pagamento de juros da dívida ao invés de atender a demanda da população.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: 105 vagas de nível médio e superior

Foi divulgado no Diário Oficial da União desta sexta-feira, 18 de outubro de 2013, o edital de abertura do concurso público 001/2013 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), com responsabilidade do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB). O certame é destinado ao provimento de 105 vagas de nível médio e superior, com reserva de seis oportunidades para pessoas com deficiência.
Serão 75 vagas para Analista Técnico Administrativo e outras 30 para Agente Administrativo, destinadas à sede do MDIC, em Brasília, Distrito Federal. Em todos os casos a jornada de trabalho será de 40h semanais e a remuneração terá valor de R$ 2.570,02 para Atente e de R$ 3.980,62 para Analista.
Constam como atribuições de Analista, o planejamento, supervisão e execução de atividades de atendimento ao cidadão, entre outras. Já para Agente, consta a execução de atividades técnicas, administrativas, logísticas e de atendimento, de nível intermediário.
Todos os contratados serão subordinados ao Regime Jurídico Único dos Servidores Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais (Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e suas alterações).
Podem se inscrever candidatos com ensino superior em qualquer área e ensino médio completo que efetuem sua inscrição das 10h do próximo dia 31 de outubro de 2013, até às 23h59 do dia 20 de novembro de 2013, pelo endereço eletrônico www.cespe.unb.br. Haverá cobrança de taxa nos valores de R$ 60,00 e R$ 90,00, respectivamente.
Todos os participantes serão submetidos à prova objetiva de conhecimentos básicos (P1), com 50 questões, e de conhecimentos específicos (P2), com 70 questões. Assim como à prova discursiva (P3), todas de caráter eliminatório e classificatório. O conteúdo programático já está disponível em anexo ao edital.
A validade do concurso será de dois anos, contados partir da data de publicação da homologação do resultado final, e poderá ser prorrogada, uma única vez, por igual período.
Para mais detalhes consulte o edital completo.
Jornalista: Iara Valiente



















quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Amores improváveis - XIII. Subjuntivos do mundo.


E se ela existisse. E se ela chegasse. E se de repente, os pássaros cantassem a sua chegada.
E se ele olhasse e a reconhecesse naquela sua pressa que seria só sua. E se ele soubesse ao olhar: "É ela". E se ela dissesse: "Sim, sou!".
E se como uma ideia que se torna realidade, ele segurasse a sua mão, sentisse o calor, a maciez, o carinho fluisse. E se ele olhasse, tímido, e dissesse: " Sua pele é quente,macia, como o toque de amores de Primavera".
E se ela ficasse envergonhada, rubra, com as palavras e atos dele.
E se ele pedisse, ela dançaria. Ele veria sua leveza, seus gestos de bailarina.
E talvez, como uma das três bailarinas de Picasso, ela fosse leve como pluma, obra prima, carne e osso esculpida.
E, se do chão que ela pisasse brotassem versos de perfeita rima.
E se ela, existindo, lembrasse do verso de Neruda:"Te amo e não te amo, como se tivesse em minhas mãos as chaves da fortuna e um incerto destino desafortunado."
E se ele, surpreso, dissesse suavemente, em seu ouvido, uma canção em subjuntivo, por não acreditar em tanta beleza em uma só pessoa:"Se você vier pro que der e vier Comigo, eu lhe prometo o sol, se hoje o sol sair. Ou a chuva...se a chuva cair..."
E se ela, comovida, lágrimas nos olhos dissesse simplismente:"Sim". E, rindo, lembrasse de Zé da Luz, e com olhos fingindo ser caipira dissesse:
"Se um dia nós se gostasse
Se um dia nós se queresse
Se um dia nós se empareasse
Se juntim nós dois vivesse
Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse..."
E se assim como numa fantasia, saissem os dois, abraçados, cantando algo como :
"E se, de repente
A gente não sentisse
A dor que a gente finge
E sente
Se, de repente
A gente distraísse
O ferro do suplício
Ao som de uma canção
Então, eu te convidaria
Pra uma fantasia
Do meu violão."
Mas, isso tudo só se ela existisse. Se ela ligasse. Se ela chegasse. Se ela fosse. Se ela existisse.

Vícios modernos II O Viciado em gás lacrimogêneo


A primeira vez que T. sentiu aquele cheiro ficou doido, apaixonado, se é que se apaixona por um cheiro. O de gás lacrimogêneo, para ser mais exato.
Ele iria passear com a família eVm Niterói, mas ao chegar na Praça XV, para pegar a barca Rio-Niterói, acontecia o leilão da Usiminas, a primeira estatal privatizada em 24 de outubro de 1991. Ele via o tumulto: PMs jogando bombas de gás lacrimogêneo, com seus uniformes que pareciam com os do heróis americanos que via na TV.
Uns caras com jeito de bandidos, mal vestidos, correndo da polícia, apanhando. Aquele povo só podia ter feito algo muito errado. A visão e o cheiro do gás o marcaram. Sabe lembrança boa da infância? Alguns lembram do cheiro da primeira Barbie, do boneco Falcon, ou de bambolê.
T. só lembrava da agitação, da correria e do cheiro de algo que na época ele não sabia o que era, mas já sabia que desejava mais: bomba de gás. T. passou a infância com a família pobre, muito pobre. Tinha poucas diversões e alegrias. Acompanhava o mundo (o pouco que lhe interessava) assistindo à Rede Globo, seus desenhos, novelas, jogos e até os jornais. E nele via as nuvens de fumaça nos protestos e guerras. E ficava tentando imaginar os barulhos e cheiros.
Quando cresceu, ao acabar com dificuldades o ensino médio, tentou o vestibular para Química. Levou bomba. Sem chance. Ficou sem estudar, só trabalhando em subempregos, pois não tinha “habilidade intelectual” suficiente, segundo um resultado de uma empresa de RH.
Nunca aprenderia a fazer aquelas bomba de gás lacrimogêneo. Nunca sentiria aquele cheiro. Um dia passando na rua, um ex-professor lhe deu uma dica, ao ver ele descarregando um caminhão: porque ele, que era mediano em Matemática e Português, não tentava o concurso pra PM? Bastava acertar umas questões e fazer uma prova física. Disse que com aquele corpão todo ele passaria nas duas provas.
O professor até se ofereceu pra ajudar ele com provas antigas e grupo de estudos. T. estranhou aquele conselho, e mais o elogio, e muito mais a oferta de ajuda. Mas acabou aceitando e o professor ajudou mesmo. Tanto que ele passou. Com dificuldades, mas passou.  No curso preparatório, ele chorou. De alegria, e pelo gás. Sim, ele reencontrara o cheiro de infância.
Fora exposto a sessões com bombas de gás lacrimogêneo, para se preparar quanto tivesse que usar contra manifestantes. Os instrutores, surpresos, tinham que tirar T. de perto quanto iam usar as bombas.
Diziam que ele era viciado. Riam dele. E ele, nada. Só queria mais. Se esforçou tanto. Era o mais cruel nas passeatas: qualquer coisa, uma olhada mais forte de alguma pessoa, homem ou mulher, ele já mandava um spray de pimenta, sua nova alegria.
Fazia de tudo pra sentir, mesmo que de longe, aquele cheiro de novo, só que diferente, mais forte.
Era uma passeata sendo dispersa aqui, uma reintegração de posse ali. Tanto esforço não foi em vão. Foi convidado pra ingressar no Batalhão de Choque. Chorou de alegria. Passou no curso com nota mediana devido às provas escritas.
Mas nas provas práticas e de rua era insuperável. T. ficara “ousado”. Com escudo, colete, capacete e cassetete, se sentia Deus. Batia, corria; Eles imploravam, xingavam. E em resposta: bomba. Sim! Ah! Bomba. Se pudesse, ele levava pra casa.
23 anos depois, em junho de 2013, ele se sentia realizado. Jogava bomba todo dia, quase que de segunda a sexta. Era seu vício.
Sabia de cor e salteado tudo sobre ela, conversava nos bares, para as mulheres que ele achava estar conquistando: “Gás lacrimogêneo (do latim lacrima: lágrima) é o nome genérico dado a vários tipos de substâncias irritantes da pele, dos olhos e das vias respiratórias, tais como o brometo de benzila ou o gás CS (clorobenzilideno malononitrilo).
Ao estimular os nervos da córnea, esses gases causam lacrimação, dor e mesmo cegueira temporária. Por ser literalmente uma bomba, cujo destino é a população, é classificado como sendo uma arma química.
Embora considerada como não letal, o uso da expressão só atende a rotulação do produto para efeitos imediatos, que é o que se esperava tendo em visto a finalidade bélica. Suas fórmulas variam. Podem ser, por exemplo, cloro-acetona (CH3–CO–CH2–Cl), bromo-acetona (CH3–CO–CH2–Br) ou acroleína (CH2=CH–COH). O CS é mais forte que o CN, porém desvanece mais rápido. Qualquer composto químico que produza estes efeitos pode ser chamado lacrimogêneo, mas a denominação “agente de controle antidistúrbio” ou “gás lacrimogêneo” refere-se um produto químico lacrimogêneo escolhido por sua baixa toxicidade e por, supostamente, não ser letal.”
Mas T. hoje está sem poder sentir o cheiro que mais adora.
Fora suspenso, não ao usar suas bombas, mas um instrumento menos moderno de dispersão de manifestantes. Quebrara seu cassetete no professor que ao lhe dar as dicas,  o ajudou a entrar para  PM e sair do caminhão.
E postara a foto dele com os dizeres “Foi mal, Fessor”, numa rede social…


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Amores Improváveis - IV Amor nos tempos de Cabral.

E eles nunca se conheceriam se não fosse "Bella Ciao".
Ela, branca como só se vê na zona sul burguesa do Rio. Ele, negro e pobre, como só as favelas do Rio sabem conciliar.
J. estudou nas melhores escolas da cidade. Fazia Ciências Sociais na PUC, para desgosto do pai. Fizera "controle de qualidade" nos partido políticos de esquerda.Aprendera teoria política. Discordava de tudo.
Saira de todos. Juntara-se aos Black Blocks. Dava orgulho de ver aquela moça frágil ver no meio deles todos. Suas táticas e ideias aprendidas por ai impressionavam.
No dia em que se marchou em apoio aos professores, ela se esmerou: os BB's estavam tão organizados, mas TÃO organizados que tinham até uma BANDA MARCIAL, tocando Bella Ciao.
Pare de ler por um momento para apreciar o quão SENSACIONAL essa frase é.
Banda marcial. Tocando BELLA CIAO!
O ataque à Câmara foi uma ação ORGANIZADA. Com LOGÍSTICA. Com COMANDO. Com a porra duma BANDA MARCIAL. Tocando Bella Ciao.
R. nunca tinha ouvido ou visto algo assim. Aprendera a se virar nas ruas, sua escola.
Quando ouviu aquela música, não teve dúvida: botou a camiseta tapando o rosto e se juntou àquela turma esquisita.
Com seu porte musculoso sem camisa, chamava a atenção de todos. E é claro, de J. também.
Grudou nele, todo sem jeito, sem experiência de fugir das bombas que os PM tacavam. Ele percebeu.
Mandou um "já é, loirinha?". Ela riu. Ele nem pensou. Chegou junto.
E era bomba pra cá, beijo pra lá.
Borracha ali, agarramento na parede da escola de música. As pessoas passavam correndo e viam aquele casal se beijando no meio daquela confusão toda, e não resistiam, tirando muitas fotos.
J. e R. foram se refugiar em Santa Teresa, onde morava uma tia dela. Subiram correndo. R. brilhava, com o suor escorrendo pelo corpo. J. ficava olhando...
Ao virar numa esquina, um carro da polícia com as luzes piscando!
Eles voltaram correndo, mas já era tarde. Outro carro já os perseguia.
Ela entrou num beco, crente que ele ia fazer o mesmo. Mas não.
Ele havia parado e dizia:"vai, vai, corre!"
Os PM's o alcançaram. Ele chamava eles pra porrada, chamava de covardes. Sem chance.
Spray de pimenta, cassetete no lombo suado, sem dó. Chutes, xingamentos.
J. não pôde fazer nada: não percebera que o beco era o começo de um barranco, escorregou e caiu rolando e desmaiou.
Quando acordou, foi onde deixou R. Nada, só o cheiro de spray de pimenta e sangue seco. Tremeu de medo. Ligou para quem conhecia, amigos, OAB, sindicatos, nada.
Foi às delegacias para onde normalmente levavam os manifestantes. Nada. Era como se R. Nunca tivesse existido.
Na hora lembrou de Amarildo, que a PM do Rio fez sumir.
Gelou.
Saiu andando a esmo pelo Centro. Chorando. Se sentindo culpada. Impotente.
Em TODOS os lugares do mundo, a tática Black Bloc é de enfrentamento, é de atacar símbolos capitalistas como bancos e carros policiais.
Mas se faz isso em grupo, para proteção. Ser negro e black block, sozinho, num beco escuro de Santa Teresa era algo muito, mas muito perigoso. Se ao menos ela não tivesse caído e desmaiado.
Antes se sentia FODA por colocar uma BANDA MARCIAL num ato. Tocando Bella Ciao.
Agora...
Chegou na rua da Lapa. Viu o cartaz de um casal se beijando usando máscaras de gases.
Cai sentada, chorando.
Uma mão, pesada e suave ao mesmo tempo, tocou seu ombro.
"Tá chorando porque, loirinha?!"
Aquela voz. Era R.
Todo machucado. Mas era ele.
Pulou no colo dele, chorando.
Mas de alegria.
Como como como?
Ele piscou e disse: "Se liga. Tenho a esperteza que só tem quem tá cansado de apanhar".

Amores Improváveis - IV

Amor nos tempos de Cabral.