domingo, 3 de fevereiro de 2013

Amores Improváveis - VI

Amores Improváveis - VI 
Ela odiava música clássica. Achava que era chato, tedioso, devagar demais.
Ele amava. Não sabia viver sem. Estudara Bach e Mozart sua vida toda. Mas considerava samba uma barbárie musical.
Já ela vivia do Samba. Aprendera a sambar no pé antes mesmo de aprender a andar; a tocar tamborim antes de saber segurar um lápis.
Ele odiava agitação, tumulto. Dizia que mais de dez pessoas por metro quadrado era algo difícil de controlar, e muito mais de tolerar. Já ela adorava. Nascera e crescera nas quadras das escolas de samba. Seus aniversários e os da família eram famosas pela quantidade de pessoas que compareciam.
Enfim, tinham tudo para não dar certo.
Eram diferentes, diferentes, e porque não dizer, diferentes.
Se conheceram quando a Unidos do Piriri Pororó resolveu homenagear o maestro Isaac Karabtchevsky. Treinaram por dois meses a coreografia da comissão de frente.
Ele a segurava “tão forte, com aquelas mãos macias e carinhosas”, dizia ela.
“Aquele corpo tão...tenro, e torneado, cheiroso e irresistível me conquistou, como uma sonata. Cada nota, difícil de tocar e assim mesmo me fazia querer mais e mais.” Dizia ele.
Viraram notícia: o maestro e a passista juntam passos, poesia, amor e promessas”, foi uma das manchetes.
Viveram felizes por 3 carnavais e uma temporada.
O casamento acabou quando ela o encontrou na cama com o metaleiro do grupo Sepultura e uma soprano, os quais havia conhecido na gravação do CD e DVD do grupo Sambó.

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